Venerável
Pe. José Antônio
de Maria Ibiapina
(٭5/ago/1806 - †19/fev/1883)
sacerdote diocesano
e fundador das Casas de Caridade
Pe. Ibiapina nasceu em Sobral, CE, na Fazenda Morro do
Jaibara, em 5 de agosto de 1806[1],
terceiro filho do casal Francisco Miguel Pereira e dona Teresa de Jesus,
recebendo no batismo o nome de José Antônio Pereira Ibiapina. Seus pais eram
fazendeiros empobrecidos, e em 1816 a família se transferiu para Içó, CE, onde
o pai se tornou escrivão e ele estudou as primeiras letras. “Pereirinha”, como
era conhecido, demonstrava grande inteligência. Estava hospedado na casa do
padre Antônio Manuel de Sousa, que se ocupou de sua educação religiosa e foi um
importante padrinho. Nesta época, já estava consciente da fragilidade da
justiça e da política de sua região, especialmente pela convivência com seu
pai, serventuário da justiça, que o fez conhecedor dos bastidores do poder. Ele
estava certo de que iria se tornar um defensor dos oprimidos e carentes daquela
terra sem lei.
Foi para Olinda quando jovem, a fim
de freqüentar o seminário, mas logo sua vida foi convulsionada pelo sofrimento:
a morte da mãe, o assassinato do irmão mais velho e o fuzilamento do pai, por
motivos políticos. O jovem teve que voltar ao Ceará para assumir a chefia da
família, composta por três irmãs e um irmão mais novo. Resolvidos os problemas
mais urgentes, retornou a Olinda com duas irmãs menores.
Matriculou-se no Curso Jurídico e formou-se na primeira
turma de bacharéis de Olinda, em 1832. Foi nomeado Juiz de Direito e Chefe de
Polícia da Quixeramobin, CE. Por amor à Pátria, consentiu em ser candidato a
deputado, e foi eleito como o mais votado à Assembléia da Nação, de 1834-1837.
Lá defendeu a causa dos mais pobres. Sempre se comportou como um cristão
piedoso.
Terminada sua legislatura, Ibiapina
não mais desejava continuar na vida pública e se dedicou ao seu ofício de
advogado, principalmente em causas de pessoas humildes e sem posses. Sempre
teve atuação brilhante.
A partir de 1850, já com 42 anos de
idade, como resultado de uma lenta e profunda transformação, este homem sofrido
abandona a vida social e permanece três anos em total solidão. Numa pequena
casa em Recife ele estuda, lê, medita sobre a pobreza voluntária, a humildade,
e se dedica à oração. É um verdadeiro retiro de contemplação e penitência.
Dia 26 de julho de 1853, aos 47 anos,
é ordenado sacerdote. Em homenagem à Nossa Senhora, que sempre foi a grande
inspiração de sua vida, ele trocou o sobrenome de Pereira pelo de Maria, e
passou a chamar-se Padre José Antônio de Maria Ibiapina. Emergindo desse grande
retiro de três anos e tomado pelo fervor como os grandes apóstolos, foi nomeado
pelo bispo de Olinda professor do Seminário e Vigário Geral. Aceitou-o por
obediência, mas seu grande desejo era ser missionário. Depois de três anos,
conseguindo a autorização de seu bispo, partiu para a sua verdadeira missão,
indo para o interior, percorrendo uma vasta região, por 28 anos, através do
Piauí, Ceará, Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Com suas pregações
conseguiu muitas conversões e melhor atitude de vida. Por onde passava
notava-se uma mudança, com mais concórdia e paz nos lares, e uma vida social
mais fraterna. Como verdadeiro Apóstolo do Nordeste organizou o povo, promoveu
a reconciliação, construiu Igrejas, hospitais e até açudes, cemitérios.
Instituiu também seu grande distintivo: as famosas “Casas de Caridade”. Foram 22
instituições construídas nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio grande do
Norte e Ceará. Eram verdadeiros centros de formação, nos setores da
alfabetização, educação religiosa e moral, trabalhos manuais, preparação para o
matrimônio e assistência à saúde, com opção preferencial para meninas órfãs.
Nessas casas moravam grupos de irmãs consagradas, organizadas em comunidades,
seguindo os estatutos redigidos por Pe. Ibiapina e chamadas de “beatas”.
Abrigavam meninas órfãs, que recebiam educação humana e cristã, ensino das
letras, prendas domésticas, ofícios e artes. Um trabalho importantíssimo, para
integrar a mulher pobre do interior na sociedade. As Casas de Caridade funcionavam
como uma rede de sustentação do povo, ajudando inclusive os retirantes
atingidos pela seca. Davam até mesmo a água a todos, correndo o risco de
ficarem sem ela, pois entendiam que a lei da caridade exortava antes morrer de
sede com os sedentos do que ver os outros morrerem.
Pe. Ibiapina era incansável nas suas
jornadas, feitas sem nenhum interesse humano, unicamente por Cristo, a quem ele
tão bem conhecia, amava e servia. Podemos compará-lo aos grandes missionários
da História da Igreja, como São Paulo Apóstolo, Santo Antônio de Pádua, São
Francisco Xavier. Calcula-se que a região por ele continuamente percorrida
chegava a 7% do território nacional, território maior que Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul juntos. Se quisermos outra comparação, ao
território de Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália e Portugal juntos. Aí lhe foi
revelada a face sofrida de Deus, na miséria do seu povo. Por onde passou,
acalentou as pessoas, pregou a Palavra de Deus, apaziguou inimizades e
disseminou o amor, como relatam alguns de seus biógrafos. O povo amava o
Padre-Mestre, como era carinhosamente chamado.
Na sua pequena e pobre residência
perto da Casa de Caridade de Santa Fé, em Arara, na Paraíba, Pe. Ibiapina
passou os seus últimos sete anos de vida como confessor, conselheiro, capelão,
professor e administrador de sua obra. Acometido de uma paralisia nas pernas,
fruto dos anos de peregrinação, padre Ibiapina ficou preso a uma cadeira de
rodas. Já em 1882 sofria de problemas vasculares que culminaram em alguns
derrames. Acaba falecendo no dia 19 de fevereiro de 1883. Na manhã daquele dia,
antes de expirar, ele ficou possuído de uma grande alegria e apontou dizendo:
“Maria!”. Sorrindo, continuou a repetir: “Lá está Maria! Lá está Maria!”. Fiel
à sua constante súplica, Nossa Senhora vinha socorrê-lo na hora de sua morte,
como todos os dias pedimos na Ave Maria.
Sua casa passou a ser lugar de
peregrinação, onde o povo acorre numeroso, de toda parte. Considerado grande
intercessor junto a Deus, são inúmeros os fatos extraordinários e as graças que
se contam desde a sua morte.
Oração
para pedir a Beatificação do Servo de
Deus Pe. Ibiapina
e para pedir graças através da sua
intercessão
Eterno Pai,
Vós sois o amor e a Misericórdia.
Somente Vós
conheceis tudo o que se passa em nós. Vinde, pois em meu socorro na necessidade
que me aflige.
Neste
momento, eu me dirijo a Vós, lembrando a pessoa tão amada do Padre Ibiapina.
Ele foi fiel discípulo do Vosso Filho Jesus e cheio dos dons do Espírito Santo.
Foi devotado sacerdote, incansável missionário e sábio conselheiro na Igreja,
sobretudo no serviço dos pobres e necessitados do Nordeste do Brasil. Por isso,
pela sua intercessão, concedei-me, ó Pai, a graça de que especialmente
necessito e que agora Vos apresento...
E como sinal
da santidade evangélica deste Vosso Servo, concedei, ó Pai da eterna Glória, ao
nosso companheiro de fadigas,
o Padre
Ibiapina, a honra dos altares em Vossa santa igreja.
Que a Virgem
Maria, a quem ele tanto amou,
na terra,
seja a nossa Advogada, no Céu!
Agradecidos
queremos nos unir ao Padre Ibiapina e com ele sempre Vos louvar, ó Trindade
Santíssima, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai
Dies natalis: 19 de
fevereiro.
Restos Mortais: na Casa de Caridade de Santa Fé, em
Arara, PB.
Causa de Canonização: sediada na
Diocese de Guarabira, PB. Ator: Diocese de Guarabira.
Nihil Obstat a 18/fev/1992. Processo informativo diocesano
iniciado em 1992 e encerrado em 1996, tendo então como postulador Pe. Francisco
Sadoc de Araújo, que redigiu o texto base para a positio no Brasil. Postulador:
Mons. Francisco de Assis Pereira. Decreto da Heroicidade das Virtudes em 28/março/2025,
tornando-se ‘Venerável’.
Bibliografia sobre o Servo de Deus:
Sadoc de
ARAÚJO,. Padre Ibiapina: peregrino da caridade. São Paulo, Ed.
Paulinas, 1996
Opúsculo da
Diocese de Guarabira, PB: O Servo de
Deus Padre José Antônio de Maria Ibiapina. (Pedidos a Pe. Jandeílson R de
Alencar, Caixa Postal 17, CEP 58200, Guarabira, PB)
Para comunicar graças alcançadas pelo
Servo de Deus Pe. Ibiapina:
Pe.
Francisco Sadoc de Araújo
Av. da
Ressurreição, 333
62020-540 Sobral – CE
Tel.: (88)
3611-3349
www.sobral.org
ou
Causa de Pe.
Ibiapina – Diocese de Guarabira
Praça Mons.
Walfredo Leal, 20
Cx.P. 17
58200-000
Guarabira - PB
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