Venerável Frei João Pedro de Sexto São João
(9/set/1868 - †5/dez/1913)
sacerdote e religioso capuchinho
e fundador das Irmãs Missionárias
Capuchinhas de São Francisco de Assis do Brasil
Frei João Pedro nasceu a 9 de
setembro de 1868, na localidade de Sexto São João, antigo porto militar do
Império Romano, próximo a Milão, no norte da Itália. Era filho de Carlos
Recalcati e Judite Strada, humildes camponeses. No batismo recebeu o nome de
Clemente. Apesar das traquinagens e travessuras próprias de uma criança
saudável, sua mãe logo percebeu o germe da vocação do filho. Isto a fez mais
vigilante quanto à sua formação, corrigindo-o com doçura e atenção. Desde
pequeno manifestou profunda inclinação para os sentimentos religiosos e
sensibilidade para com os mais necessitados, fossem mendigos ou colegas de
escola. Com seu grande amigo Caimi, três anos mais velho, alimentava o desejo
de ser missionário.
Aos 14 anos, em abril de 1882, tendo terminado o curso elementar, entrou
para o seminário dos Frades Capuchinhos, e recebeu o nome de Frei João Pedro.
Caimi já havia passado por esse seminário, e havia recebido o nome de Frei
Estevão. Em 23 de maio de 1891, João Pedro foi ordenado sacerdote.
A Província Lombarda, da Ordem dos
Capuchinhos, vivia dias de grandes anseios missionários, abrindo uma frente
missionária no norte do Brasil.
Frei Carlos de São Martinho Olearo partiu na primeira expedição, rumo à diocese
de São Luiz, no Maranhão. A falta de padres era tremenda. Em uma segunda
expedição partem mais 8 missionários, entre eles Frei Estevão e Frei João
Pedro. Em 15 dias de viagem de navio chegam ao Recife, e em seguida, São Luís.
Frei João Pedro dedicou-se totalmente
ao trabalho, percorrendo incansável o sertão do Maranhão e do Piauí nos 8 meses
consecutivos de estiagem. Essa vida de desobrigante era feita praticamente sem
a ajuda de outros padres, no lombo de um burro. Os missionários ariscavavam-se
com a febre-amarela, a varíola e outras doenças graves, mas frei João Pedro
estava muito contente e feliz, realizando o sonho de sua vida.
A obediência, porém, o tirou do seu
querido campo de batalha, e foi designado para Vice-superior do Convento do
Carmo, em São Luís. Além das várias atividades na cidade e arredores, pregava
também as missões populares, sendo enviado para isso até mesmo ao Ceará. Grande
era sua operosidade e resistência no trabalho, sua atitude paternal e amável
para com todos.
Por suas qualidades de liderança, em
1900 foi designado Superior do Convento do Carmo, e recebeu também o importante
encargo de Mestre de Noviços.
Em março de 1901 abate-se sobre todos
a terrível tragédia do Massacre de Alto Alegre (B.67). Por tão grande
choque, o superior e iniciador da missão capuchinha, Frei Carlos, foi atingido
por uma irremediável amnésia, que o tornou inábil para o trabalho. Frei João
Pedro foi chamado para ocupar o seu posto provisoriamente, mas continuando a
ser o mestre de noviços. Foram dias difíceis, de lágrimas e de muita oração.
Frei João Pedro tornara-se mais quieto e meditativo, mas sempre intrépido e
confiante.
Nos anos que se seguiram, assumiu
esse encargo de forma oficial, e a missão continuou o seu trabalho sempre em
meio a muitas fadigas. Cada vez mais os bispos pediam que os capuchinhos
assumissem paróquias e outras atividades urgentes, nas poucas mas imensas
dioceses.
A necessidade era tanta, que os fervorosos missionários não conseguiam se
furtar a esses comoventes apelos. Os missionários que vinham da Itália eram
sempre insuficientes, e muitas vezes tratava-se apenas de repor o número
daqueles que adoeciam ou até mesmo morriam por diferentes doenças.
Como superior, o maior trabalho de
Frei João Pedro eram as visitas canônicas, isto é, a visita às casas da
congregação, zelando por todo o trabalho nelas realizado e pelo fervor da vida
religiosa de seus membros. Essas comunidades capuchinhas sob sua direção iam de
Fortaleza, no Ceará, à Belém, no Pará, e anos mais tarde, até Manaus e Ourém,
no Rio Negro, Amazonas.
As atividades eram as mais variadas: atendimento paroquial, desobrigas,
colégios e asilos para órfãos, catequese em tribos indígenas, etc.. Quando
terminava as visitas, dedicava-se a todo tipo de trabalho, mesmo que não
estivesse se sentindo bem ou estivesse doente e sem forças. Muitas vezes era
atacado por problemas digestivos, inapetência ou insônia. Cada vez mais passava
longas horas em oração na igreja durante a noite, e de dia ia visitar enfermos
e necessitados, sempre bondoso e acolhedor.
Em 1903, uma necessidade tornou-se
inadiável: a presença de religiosas na Colônia do Prata, administrada pelos
capuchinhos e mantida pelo governo do Pará. Naqueles anos a colônia era
dirigida pelo intrépido Frei Daniel de Samarate (C.31). As freiras eram
indispensáveis para o prosseguimento do colégio das meninas, e exigência
contratual do governo. Frei Carlos havia trazido para a missão as irmãs capuchinhas
de Madre Rubatto, mas o Massacre de Alto Alegre inviabilizou esse projeto. Uma
série de contratempos impediu a vinda de outras congregações religiosas, e não
se podia esperar mais. Após meses de oração e discernimento, Frei João Pedro
concordou com os apelos dos seus companheiros e decidiu-se por fundar uma nova
congregação. Feita a proposta a um grupo de catequistas vocacionadas de
Canindé, CE, que aguardavam para poder seguir a vida religiosa, 5 moças
aceitaram assumir esse projeto. Estas generosas leigas deixam tudo e partem
para Belém, onde recebem o hábito franciscano, e em seguida dirigem-se à
Colônia do Prata. Iniciava-se, assim, a benemérita Congregação das Irmãs
Missionárias Capuchinhas, que irá se expandir por muitos estados do Brasil, de
Benjamin Constant, AM, até São Roque, SP, no sudeste do Brasil, em mais de 45
comunidades e três centenas de irmãs.
Nos últimos meses de 1905, frei João
Pedro esteve na Itália para encontrar-se com o novo provincial capuchinho e
expor-lhe com todos os detalhes tudo o que acontecia na missão, as dificuldades
e conquistas, os planos para novas comunidades e trabalhos a desenvolver, bem
como a fundação da congregação das irmãs.
Ao longo dos anos, a saúde de frei
João Pedro foi se deteriorando. Problemas no fígado e nos rins, nefrite,
hidropisia e outros males advindos do trabalho extenuante. As recomendações
médicas são claras: repouso absoluto! Mas como repousar diante de tantas
necessidades urgentes? Frei João Pedro continua suas viagens, arrastando-se para
cumprir suas obrigações, até que cai acamado, em Fortaleza. Foram 2 semanas de
cuidados médicos e 5 operações, sofrimentos físicos e espirituais, intensa
oração. Frei João Pedro prepara-se para a morte, toma as providências
necessárias para a continuidade da missão e confia a jovem congregação das
irmãs, fundada a 9 anos, aos cuidados de Frei Estevão, seu amigo de infância.
De 2 para 3 de dezembro de 1913 entra em coma, e falece na manhã do dia 5, aos
45 anos de idade, após 19 anos de intensa atividade missionária no norte do
Brasil!
Oração
Senhor Jesus Cristo, que dissestes:
“Pedi e recebereis, procurai e achareis, batei
e abrir-se-vos-á;
tudo o que pedirdes ao Pai em meu
Nome, Ele vo-lo dará”;
nós vos suplicamos, em vosso Nome, a
vosso Eterno Pai que, se for conforme o beneplácito divino, se digne conceder a
honra dos altares ao vosso Servo Frei João Pedro de Sexto São João. E, como
penhor do que pedimos, concedei-nos a graça (pede-se a graça desejada), para
glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.
Dies
natalis: 5 de
dezembro
Restos
mortais: trasladados
do túmulo dos frades capuchinhos do Cemitério São João Batista para a Capela da
Casa de Santa Rosa de Viterbo, das irmãs capuchinhas – Fortaleza, CE (Av. da
Universidade, 3896).
Causa de
canonização: sediada
na Arquidiocese de Fortaleza, CE. Ator: Congregação das Irmãs Missionárias
Capuchinhas de São Francisco de Assis do Brasil.
Nihil
Obstat em
20/out/1997; instalação do Tribunal Eclesiástico em 7/set/1997, mas abertura
oficial da causa foi em 17/set/1997; processo informativo diocesano iniciado em
18/set/1997 e encerrado em 9/set/2004. Postulador: Frei Flório Tessari, ofmcap;
vice-postuladora: Ir. Teresinha Maria de Beneditinos, imc.
Decreto da
Heroicidade das Virtudes em 21.5.2022
Bibliografia
sobre o SD. Frei João Pedro:
Frei João
Pedro de Sexto. Cartas Circulares e outras mensagens. Fortaleza:
Publicação das Irmãs Missionárias Capuchinhas, 1982, 90 p.
Frei Metódio de Nembro, Frei João Pedro – missionário capuchinho,
superior e fundador. Vol. I e II.
Irmã
Teresinha Maria de Beneditinos, imc. O herói das olimpíadas missionárias –
Frei João Pedro de Sexto São João. São Luís: Edição da Vice-Província
Capuchinha do Maranhão e do Pará, p.32.
Irmã
Teresinha Maria de Beneditinos, imc. O missionário
capuchinho construiu sobre a rocha... Fortaleza: Irmãs Missionárias
Capuchinhas, 2006, 58 p.
Informativo Torrente
de Graças, publicado
pela Vice-postulação da Causa de Canonização do Servo de Deus Frei João Pedro
de Sexto São João (testemunhos de graças alcançadas e vida do Servo de Deus)
Site sobre Frei João Pedro (no site da Província Capuchinha MA-PA-AP):
http://www.promapa.org.br/joaopedro/
Para
comunicar graças alcançadas por intercessão de Frei João Pedro:
Vice-postulação
Causa Frei João Pedro de Sexto
Irmã Teresinha
Maria de Beneditinos
Rua Paulo
Setúbal, 350 - Messejana
60864-600 -
Fortaleza - CE
Tel.: (85)
3229-3943
novaporciuncula@veloxmail.com.br
|