Venerável José
Marchetti
(٭3/out/1869 - †14/dez/1896)
sacerdote e religioso
scalabriniano
e co-fundador das
missionárias scalabrininas
Giuseppe, ou José, é o segundo dos onze
filhos de Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci. Nasceu em Lombricci de
Camaiore, província de Lucca, Itália, aos 3 de outubro de 1869. Nasceu e
cresceu em uma família simples e pobre. Eram moleiros, isto é, dependiam do
trabalho em um moinho para o sustento e a moradia. José, vivendo na experiência
da pobreza e do abandono em Deus, tinha predileção pela leitura do famoso livro
“A Imitação de Cristo”, que carregava sempre consigo, junto com o livro dos
Salmos. A imitação de Cristo e as palavras de louvor e a gratidão a Deus
nortearam sua vida, e era conhecido por repetir sempre “Deo Gratias”, Graças a Deus. A Deus atribuía o mérito
de todas as suas conquistas.
Foi ordenado
sacerdote no dia 03 de abril de 1892, com apenas 22 anos. Em Compignano e
Balbano, primeiras comunidades em que atuou, partilhava tudo o que tinha com
seus paroquianos, não somente sua presença e solidariedade, mas até mesmo seus
poucos objetos pessoais. Chegou a morar no cemitério para entregar a casa
paroquial a uma família reduzida à miséria, e em certa ocasião viram que
pintava as canelas de carvão para que ninguém percebesse que havia dado suas
meias aos velhinhos pobres da comunidade no inverno.
Aceitou o
convite do Beato João Batista Scalabrini, bispo fundador da Congregação dos
Missionários de São Carlos, destinada aos cuidados dos imigrantes, e partiu
para São Paulo, no Brasil. Ele mesmo havia partilhado com seus paroquianos esse
drama, pois muitos haviam emigrado para as Américas. Em outubro e dezembro de
1894 realizou duas viagens ao Brasil, como capelão de bordo, acompanhando os
imigrantes. Na sua segunda viagem ao Brasil, no navio Júlio César, antes de
morrer, uma mãe confiou aos seus cuidados uma criança de poucos meses de vida.
Pe. José conscientizou-se de que a missão junto aos imigrantes precisava criar raízes, e oferecesse obras que atendessem
suas necessidades religiosas, trabalhistas, educacionais e sanitárias. Deu,
assim, novo rosto a obra scalabriniana, estabeleceu-se em São Paulo e decidiu
construir ali o Orfanato Cristóvão Colombo, coração e sede da missão
scalabriniana nesse estado.
Quando chegou
ao Brasil, teve que enfrentar o ambiente hostil entre governo e Igreja, pois o
país havia se tornado República a pouco tempo, e também conviver com as
dificuldades de relacionamento com os padres do país. Sereno, durante dois anos
desenvolveu intensa atividade missionária em São Paulo e regiões
circunvizinhas, onde realizou inúmeras obras. Os italianos conservavam a
religião com respeito, e o pároco era figura de grande influência na
comunidade, não só para assuntos religiosos, mas de ordem geral. Pe. Marchetti
se tornou rapidamente o protetor e dinamizador do bem estar dos imigrantes.
Após iniciar
a construção do orfanato em 1895, retornou à Itália, onde proferiu os votos
religiosos junto a Dom Scalabrini, em 25 de outubro, em Piacenza. Junto a Dom
Scalabrini, torna-se o co-fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São
Carlos Borromeu, e volta dias depois ao Brasil trazendo as primeiras quatro
irmãs: sua mãe, sua irmã e mais duas vocacionadas. Como líder
natural deste grupo emergiria sua irmã, a Beata Assunta Marchetti.
Em apenas 9 meses erguia-se o grande prédio do orfanato no Ipiranga, e era
iniciado o orfanato para meninas na Vila Prudente. Impulsionou também a
construção do Hospital Humberto I (depois
Matarazzo)[1].
Enquanto isso, visitava fazendas do interior, exercendo o ministério
sacerdotal, recolhendo órfãos e auxílios para as obras.
Para um padre
jovem, estrangeiro, recém chegado, foi admirável o destaque que a imprensa lhe
deu na época. Todos, até os mais céticos, admiravam a sua pessoa, se encantavam
com a firmeza de propósitos, seu ideal missionário e sua paixão pela causa de
Cristo. Percebia-se nele, de imediato, um homem de oração, de recolhimento, de
ação, de sacrifício. Sua presença humilde encantava e falava de Deus. Sem
dúvida, Padre Marchetti teria mudado o rosto da imigração em São Paulo se mais
tempo tivesse vivido. Não foi à toa que foi admirado por sua capacidade
singular em achar soluções para problemas difíceis, por sua criatividade
apostólica e, em tempos de poucos recursos, sua eficiência em transformar em
obras concretas sonhos que talvez nunca sairiam do papel.
No dia três
de outubro de 1896, seu aniversário, Pe. José fez também os votos de caridade e
de vítima do próximo:
“Sinto-me impulsionado a meu
sacrificar ainda mais, jurando perpetuamente e com voto que eu serei sempre
vítima do meu próximo por Vosso Amor. Assim, pelo voto de Caridade em tudo
anteporei meu próximo a mim mesmo, aos meus prazeres, à minha saúde, à minha
vida. Pelo voto de não perder mais de um quarto de hora em vão, consagro a Vós
e ao meu próximo toda a força física e moral do meu ser”[2].
Deus o
inspirou e ajudou a ser fiel até o fim: neste mesmo mês contraiu o tifo
salvando um órfãozinho retirado dos braços da mãe já morta por essa doença.
Consumido pela febre e pelo amor, morreu aos 27 anos, a 14 de dezembro de
1896. Ao passar pela enfermidade e morte
em tenra idade, consumou sua oferenda. Pai dos órfãos e dos mais fracos, seu
exemplo de caridade e de vítima do próximo nos chama à conversão e ao retorno a
Cristo.
Oração
Senhor, nós vos
louvamos e agradecemos
por terdes chamado
Pe. José Marchetti a ser apóstolo dos migrantes e pai de seus órfãos.
Respondendo com
heroísmo, generosidade e zêlo apostólico ao vosso chamado, consagrou-se com os
votos de caridade e de vítima do próximo por vosso amor e frutificou o dom de
participação ao carisma scalabriniano.
Senhor, para vossa
glória e bem da Igreja, dai-nos imitá-lo na entrega e doação total a serviço do
migrante mais pobre e necessitado e glorificai Pe. José Marchetti, mártir das
fadigas apostólicas, concedendo-nos a graça que pedimos mediante sua
intercessão.
Pai Nosso, Ave Maria
e Glória ao Pai
Dies natalis: 14 de dezembro
Restos Mortais: no Orfanato Cristóvão
Colombo, bairro Ipiranga, São Paulo, SP
Causa de Canonização: sediada
na Arquidiocese de São Paulo. Ator: Padres Missionários de São Carlos Borromeo –
Scalabrinianos.
Abertura do processo informativo em 5/mai/2000 e
encerramento em 28/nov/2001 (tendo então como vice-postuladora Ir. Blandina Felippelli); Decreto de Validade em 21/fev/2003;
Decreto das Virtudes Heroicas em 8/julho/2016. Relator: Frei
Cristoforo Bove, ofmcap; postulador: Pe. Guilherme Bellinato; vice-postulador:
Pe. Sisto Caccia.
Bibliografia sobre Pe. José
Marchetti:
Mário FRANCESCONI. Como um
relâmpago – Padre José Marchetti. São Paulo: Província Nossa Senhora
Aparecida (Missionárias Scalabrinianas)
__________. Madre Assunta. São Paulo: Província
Nossa Senhora Aparecida (Missionárias
Scalabrinianas), 1974, 69 p.
SANTOS, Ir. Neuza Botelho dos.
Autodoação segundo a Sagrada Escritura
na vida de Padre José Marchetti. São Paulo: Cong. das Irmãs Missionárias de
S. Carlos Borromeo, 1994
Ivo PRATI. Meditando com
o Padre Marchetti.
MELO, Francisca Sônia de. Padre José Marchetti – Exemplo de amor a Deus
e ao próximo. (Opúsculo de p.6; pedidos no endereço abaixo)
Para comunicar graças
alcançadas por intercessão de Pe.
Marchetti:
Padres
Missionários de São Carlos – Scalabrinianos
Província
São Paulo
R. Huet Bacelar, 657
04205-000 Ipiranga -
São Paulo – SP
Tel.:
(0xx11) 6163-2104
bellinato@scalabrini.org (postulador
Pe. Guilherme Bellinato)
[1] Nesse
hospital viveria, por 48 anos, Maria de Lourdes Guarda (B.89).
[2]
Mário FRANCESCONI. Madre Assunta. p.
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