Venerável Atílio
Giordani
(3fev/1913 - †18/dez/1972)
leigo (casado)
Atílio nasceu
na cidade de Milão, Itália, em 3 de fevereiro de 1913. Desde menino freqüentava
assiduamente o Oratório dos padres salesianos. Ali ele cresceu recebendo sólida
orientação, nesta atividade religiosa educacional idealizada por São João
Bosco. Já rapaz, era ele também um dos mais valorosos colaboradores da obra,
dedicando-se aos jovens que o freqüentavam[1].
Durante décadas foi um zeloso catequista, um grande animador criativo e marcado
pela simplicidade e alegria. Entre tantas atividades, cuidava da animação
litúrgica, da formação dos meninos, dos jogos e demais atividades recreativas,
como o teatro e o aproveitamento sadio do tempo de férias. Nessa época levava
consigo para os passeios em montanha grupos de rapazes e meninos e com eles
desenvolvia as recreações, esquetes, jogos e
representações nos bosques. Organizava passeios de bicicleta e a pé,
sorteios, caças ao tesouro, olímpiadas nos pátios do Oratório. Era de uma
criatividade a toda prova, um disseminador da alegria. Mas não nos devemos
enganar pelas aparências: Atílio era dotado de profunda paciência e abnegação,
qualidades imprescindíveis para a realização de todas essas atividades.
Convocava a todos para o sacrifício necessário, mas de forma madura, alegre e
decidida. Quando certa vez lhe concederam um prêmio por seus trabalhos e
começaram a elogiá-lo pelos seus sacrifícios que realizava, ele disse aos
presentes que não lhe parecia ter feito sacrifícios, mas que viver entre os
jovens sempre fora para ele a coisa mais agradável.
Aos 17 anos
trabalha em uma empresa de produtos farmacêuticos, na dura realidade
quotidiana, vida dura e nem um pouco gratificante pelo que se refere a sua
justa retribuição. Mesmo assim é exemplo de serenidade. No oratório, nesse
mesmo ano, dedica-se a recrutar aspirantes para a Ação Católica, e distingue-se
pela constante animação e encorajamento aos rapazes, pedindo aos participantes
que se tornassem os amigos e a ajuda de todos na escola, os portadores da
alegria.
Durante o
tempo em que prestou serviço militar, iniciado em 1934 e que continuou até
1945, em fases alternadas, foi um verdadeiro apóstolos entre os seus
companheiros de armas.
Quando chegou
a Segunda Grande Guerra, em 1940, Atílio foi para o frente grego-albanês, na
França, e aí passou os cinco anos da terrível luta. Lá pensava nos seus rapazes
e em Noemi, sua noiva. Para ela escreve quase todos os dias. Escreve em abril
de 1943 uma frase que resume toda essa correspondência: “Com a ajuda do Senhor,
tu serás a minha felicidade”. Casaram-se em 1944.
Terminada a
guerra, Atílio se põe a trabalhar ativamente entre os escombros deixados pelo
conflito: jovens desnutridos, vidas destruídas e semeadas pela violência.
Organiza a “Cruzada da Bondade”, que envolve todo o bairro, jovens e suas
famílias, paróquia e escolas, sadios e doentes, crianças e velhos, mendigos e
marginalizados. Torna-se um promotor do espírito evangélico e quer que todos
entendam que somente o amor e a bondade podem transformar o mundo. Vai em
socorro dos mais necessitados e faz com a comunidade assuma e conheça seus
desvalidos, antes ignorados.
Trabalhava na
Indústria Pirelli, em Milão. Ali também difundia a alegria e o bom humor.
E no entanto
Atílio era um esposo afetuosos e pai exemplar, não descuidava de sua família.
Não se refugiava nas atividades externas negligenciando os que o esperavam no
lar. Teve três filhos, que eram unânimes em testemunhar: “Quando papai chegava
em casa, era todo nosso; não levava para casa as tensões de fora. Estava sereno,
disponível, aberto, era algo ‘nosso’”.
Seu cuidado
com a família, porém, nunca o deixou insensível aos mais carentes. Cheio de fé
e serenidade, vivia de forma austera e pobre, atento aos mais necessitados.
Nunca foi de juntar dinheiro, e se sentia mal se não podia partilhar com os
outros o que tinha. Repetia aos filhos: “Demos; nós seguiremos em frente assim
mesmo. O Senhor proverá.”
De onde ele
auria toda essa disposição espiritual? Amava a Deus de todo o coração, e não se
apartava da vida sacramental, sobretudo da Eucaristia, da meditação cotidiana e
a da reza do terço. Não abandonava os conselhos do seu diretor espiritual.
Nos anos
setenta os salesianos iniciaram a “Operação Mato Grosso”, engajando leigos para
o compromisso e o sacrifício pessoal, como forma de transformar a sociedade. Os
filhos de Atílio aderem a essa causa, e o pai os estimula cada vez mais a
agirem de forma concreta, colocando-se a serviço como verdadeiros cristãos, e
não só a discutir e falar sobre o que é certo fazer. No primeiro grupo de
voluntários que vai para o Brasil, em Poxoréu, MT, está também o filho de
Atílio, então universitário, que se oferece para ajudar a formar um centro
social em uma zona muito pobre, durante o tempo de férias[2].
No grupo que
parte em 1972 está presente Atílio, suas filhas e sua mulher. Só não havia ido
antes porque sua Noemi o detivera e ele não queria sacrificá-la mais ainda; ela
agora ela havia dito ‘sim’, e tornou-se assim a “mãe’ da “Operação Mato
Grosso”. Atílio dizia feliz: “Vou fazer oratório entre os rapazes de Poxoréu”.
Era uma região de garimpo, cheia de meninos, a quem ele se dedica com a
disposição, abnegação e alegria que lhe são características, fundando ali o
oratório festivo. Está feliz por seus meninos e sua Noemi, dedicando-se aos
mais pobres.
No dia 18 de
dezembro de 1972, participando de uma reunião em Campo Grande, falava com muito
entusiasmo e ardor sobre o dever de dar a vida pelos outros. De repente,
sente-se mal. Teve tempo apenas de dizer ao filho Pier Giorgio: “Continue
você!” E morre de um ataque fulminante do coração; colocam morto sobre uma mesa
aquele que ensinara, mais com gestos concretos do que com palavras, o que é dar
a vida pelos outros.
Quando em
Milão chegou o seu féretro, era esperado por muitos. Seu pároco, diante daquela
multidão que o queria tão bem, disse: “A cada um de nós Atílio repete a mesma
frase que disse ao seu filho antes de morrer: ‘Continue você!’.”
Oração
Nós te agradecemos, Pai Santo,
pelos dons concedidos ao teu servo fiel, Atílio
Giordani, pai de família, cooperador salesiano, catequista e animador de
Oratório, mestre de santidade.
Dai-nos a alegria de vê-lo glorificado como
protetor e modelo das nossas famílias e do apostolado entre os jovens. Pela sua
intercessão concedei-nos
a graça que te pedimos com o coração
confiante.
Amém.
Restos mortais:
na Basílica de Santo Agostinho, em Milão, Itália (mesmo endereço da Inspetoria
Salesiana Lombardo-Emiliana: Via Copernico, 9)
Causa de Canonização: sediada
na Arquidiocese de Milão, Itália (competentia
fori transferida da Arquidiocese de Campo Grande, MS, Brasil). Ator:
Congregação Salesiana (Sociedade Salesiana de São João Bosco).
Processo informativo diocesano iniciado em 21/nov/1994 e encerrado em
19/jan/1995. Publicação da Positio em 18/dez/2000[3]
(28o. aniversário da morte do Servo de Deus). Decreto da Heroicidade das Virtudes em 9/outubro/2013. Relator: Pe. José Luís
Gutierrez; postulador: Pe. Enrico Dal Covolo, sdb; vice-postulador: Pe. Rino
Germani.
Bibliografia sobre
Atílio Giordani (Publicações em italiano):
Aldo
RABINO. “…papà era così”. Tratti della vita di
Attilio Giordani. Pro manuscripto.
Torino (Turim, Itália): O.A.S.I., Tip.
Rabino, 1986, 120 pp.
Teresio BOSCO. Attilio Giordani una vita Donata. Una piccola
biografia. Torino
(Turim, Itália): Editrice LDC, 2a. ed., 1995.
Angelo VIGANÒ. Attilio Giordani, un laico apostolo. Torino (Turim, Itália): Editrice LDC Torino-Leumann, 1980, 95 pp.
Opúsculos
organizados pelo vice-postulador Don Rino Germani:
Don Luigi MELESI. Servo di Dio Attilio
Giordani. L’arte di educare.
Bologna: Scuola gráfica Salesiana, 2003, 31 p.
Don Giorgio ZANARDINI. Attilio Giordani un laico
per la famiglia, la chiesa e i Giovanni. Bologna: 2001, 22 p.
Para comunicar graças alcançadas pelo SD.
Atílio Giordani:
Postulazione Generale dei Salesiani
Causa Del Servo di Dio Attilio Giordani
Via della Pisana, 1111
00163 Roma Italia
Sites:
http://www.sdb.org/ (>servi di Dio>Attilio
Giordani)
http://www.agnelli.it/santi_salesiani/salesiani_servi.htm#giordani
[1] A ASSOCIAÇÃO DE COOPERADORES
SALESIANOS (ACS) foi fundada por São João Bosco em 1841. Estão intimamente
ligados ao projeto apostólico de Dom Bosco em favor dos jovens pobres e
abandonados, a essa Obra dos oratórios na qual desde o princípio, em Turim,
implicou homens e mulheres muito distintos e às vezes distantes entre si que
colaboravam cada um segundo suas possibilidades. Dom Bosco, ampliando sua obra,
deu-se conta não só da crescente necessidade de cooperadores (também
sacerdotes, mas sobretudo leigos) que colaborassem com a missão salesiana, sem
a necessidade de uni-los em uma associação para dar maior força a sua ação. Em
um primeiro momento, concebeu-os como “Salesianos externos” da Congregação de
São Francisco de Sales, dando-lhes uma configuração jurídica em alguns artigos
das Constituições; contudo, a rejeição da Santa Sé induziu-o a organizá-los na
Pia União de Cooperadores Salesianos (atualmente ACS) com seu próprio
Regulamento, aprovado por Pio IX em 1876. Crescendo rapidamente em número, com
sua efetiva participação, fizeram possível o nascimento e o desenvolvimento de
oficinas de arte e ofícios, sociedades de mútua ajuda, colônias agrícolas,
escolas diurnas e noturnas, oratórios, hospícios, missões e orfanatos. Em 1895,
o Primeiro Congresso Internacional dos Cooperadores decretou o compromisso de
contribuir à solução dos grandes problemas sociais gerados pelo desenvolvimento
industrial. Uma ação inspirada nos ideais de liberdade, justiça e fraternidade
que em si são valores cristãos e que segue ainda hoje no contexto de estruturas
econômicas, educativas, sociais, políticas e de meios de comunicação.
A ACS consta de 30.000 membros e está presente em 58 países distribuídos do
seguinte modo: África (6), Ásia (8), Europa (18), América do Norte (13),
Oceania (2), América do Sul (11). Veja mais informações em http://www.sdb.org/ e http://www.cooperadores.org/
(Extraído de notícia
publicada em Zenit no dia 8/maio/2006: www.zenit.org)
[2]
Nessa mesma época veio para o Brasil na Operação Mato Grosso em Poxoréu, o
sacerdote italiano Pe. Nazareno Lanciotti (B.151).
[3]
Data fornecida diretamente pelo postulador Pe. Enrico Dal Covolo, sdb; o site
da congregação salesiana, porém, informa a data de 8/maio/2001. Cf.: www.sdb.org (>santità salesiana).
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